quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Tenente reformado é assassinado a tiros em Brotas

Reconhecido por um assaltante, o tenente reformado da Polícia Militar João Batista da Cruz, 53 anos, foi assassinado com um tiro no peito, por volta das 16h de ontem, no bairro de Brotas. Pouco depois de roubar um dos passageiros, o ladrão percebeu que a vítima era um policial, obrigou Cruz a descer do microônibus da empresa São Cristóvão, de placa JQZ-1130, e disparou à queima-roupa. Em seguida, fugiu a pé. O crime foi presenciado por cerca de 35 passageiros, que entraram em pânico. O caso está sendo investigado pela delegada Heleneci Nascimento, plantonista da 6ª Delegacia (Galés), que não tem pistas do criminoso. Com a morte de Cruz, subiu para 26 o número de policiais militares assassinados este ano. Em 2007, foram 43 PMs mortos.
De acordo com relatos de testemunhas, o crime aconteceu a partir de uma modalidade de assalto conhecida como “saidinha bancária”. Depois de deixar uma agência bancária no Campo Grande, um rapaz de 16 anos passou a ser seguido por um desconhecido. Ambos tomaram o coletivo que faz a linha Luiz Anselmo-Vale do Matatu/Campo Grande-Circular. Quando o veículo de nº de ordem 7328 subia a Ladeira dos Bandeirantes, duas passageiras solicitaram o ponto e então o ladrão desceu junto com elas em frente ao Edifício Magister. Nesse momento, o jovem pediu ao motorista para conduzir o microônibus para um módulo policial, pois tinha acabado de ser assaltado. Numa atitude involuntária, João Batista acabou encarando o bandido, que percebeu a ação e, rapidamente, retornou ao veículo.
Munido de um revólver, o assaltante questionou se Cruz era um policial: “Você é policial? Se você estiver mentindo, vou lhe ‘pipocar’”, bradava. Provavelmente temendo por sua segurança, o tenente reformado respondeu negativamente à insistência do bandido, que, mesmo assim, o obrigou a descer do veículo e caminhar por cerca de cinco metros para que se afastasse dos outros passageiros, que acompanhavam o drama do policial. Após ter sido revistado pelo bandido, João Cruz foi baleado e morreu no local.
Pânico - Após o disparo à queima-roupa, os passageiros e moradores da região entraram em pânico. O microônibus estava lotado e algumas pessoas passaram mal, entre elas duas idosas que tiveram que ser socorridas por populares. Outros resolveram deixar o veículo, entre eles o adolescente considerado peça principal do inquérito, já que ele teria sido a única pessoa com contato mais próximo com o bandido e capaz de realizar o retrato falado dele. Diante da confusão que foi instalada na Ladeira dos Bandeirantes e da aglomeração, era quase que impossível o tráfego de veículos na região.
Policiais da 58ª Companhia Independente (Cosme de Farias) e das Rondas Especiais (Rondesp) estiveram na cena do crime, assim como peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), cujos trabalhos foram acompanhados por dezenas de curiosos. Aos poucos, parentes de Cruz chegavam ao local do crime. Todos estavam muito abalados e não deram qualquer declaração sobre o homicídio. Um dos dois filhos do casal, de prenome Igor, entrou em estado de choque ao se deparar com o corpo de pai estendido no chão.
***
Tentativa de captura frustrada
A informação de populares de que o assaltante estaria escondido numa residência no bairro de Nazaré levou policiais militares a fazer uma busca na Rua Bela Vista do Cabral, nas proximidades do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região. Participaram da operação policiais da 58ª CIPM, Rondesp, do Batalhão de Choque, além de agentes da 6ªDP (Galés). A diligência, por volta das 16h30, contou também com o patrulhamento aéreo do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer), que sobrevoou o bairro e regiões adjacentes.
Cerca de 30 policiais cercaram o imóvel suspeito, uma casa abandonada, usada como boca-de-fumo por traficantes locais. No entanto, ao entrar no recinto, eles não encontraram ninguém. Em seguida, a equipe recebeu uma nova informação de que o bandido teria deixado o bairro de Nazaré, ao saber que estava sendo perseguido, e pegou um táxi rumo ao bairro de Cosme de Farias. As viaturas realizaram novas diligências e, mesmo assim, os policiais envolvidos na operação não conseguiram prender o assassino.

Fonte: Correio da Bahia 13/08/2008

Nenhum comentário: